A
rotina diária como ação relevante para uma prática consequente
O início do ano letivo é um
pouco complicado para a turminha da educação infantil, principalmente os alunos
do 1º período. Um ambiente novo, cercado de pessoas desconhecidas é motivo
suficiente para surgirem sentimentos de insegurança, medo e até desespero nos
pequeninos. Por isso, um ambiente acolhedor é uma das estratégias para que a
criança sinta-se protegida e segura. Pensando nisso, desenvolvi uma rotina
diária simples mas dinâmica, na qual o aluno pode interagir por está sempre a
sua disposição para consulta na sala e quando estiver familiarizado com a mesma
poderá sugerir atividades que gostaria de desempenhar no ambiente escolar. É sempre
bom ter coisas novas e legais para se fazer e a antecipar-se a cada momento
preparado é uma maneira de evitar a ansiedade na criança além de poder utilizar
esse momento como mais um recurso para aprendizagem. Observe como:
A rotina é exposta na sala,
dessa maneira todos podem ver e acompanhar o que vai acontecer. Essa consulta
permite visualizar algumas palavras, letras e os nomes dos dias da semana. É possível
comparar a rotina com a lista dos nomes dos alunos exposta na parede para ver
se tem alguém que o nome inicia com a mesma letra inicial do dia da semana e contar
quantos são. Durante a consulta da rotina diária, é possível aprender
matemática também, já que para cada atividade há um horário preparado e para
isso é interessante verificar o relógio da sala. Assim também pode-se conhecer
os números, ordem crescente, mostrar que a idade dos alunos pode ser
representada com aqueles numerais também, mostrar que as horas podem estar em
diversos tipos de relógio ou seja, digital e analógico e se quiser que fique
mais interessante pode-se fazer um estudo de como as horas eram vistas
antigamente, com certeza a turminha vai adorar. Enfim, com amor e criatividade,
mesmo que a escola seja pequena e com poucos recursos dá pra fazer um bom
trabalho.
Nesta escola onde trabalhei, a
coordenação pedagógica achava interessante iniciar a semana com hino nacional.
Todos os alunos antes de entrar na salinha se posicionavam em fila, com mãozinha
no peito para ouvir e aprender o hino. A semana iniciava sempre com um conto
que era trabalhado durante toda semana.
As
terças-feiras, sempre tinha uma música pra aprender e cantar, os jogos também na
podiam ficar de fora.
As
quartas uma brincadeira para trabalhar a coordenação corporal e motora.
Apesar
de nossa escola ser bem pequena, não ter biblioteca nem sala de leitura, às
quintas eu criava uma situação de leitura na sala. Forrando o chão da mesma com
TNT, pois o chão ainda era de cimento batido, então fazia um grande círculo e
utilizava as caixas dos paradidáticos que a escola havia recebido do governo
federal. Os alunos manuseavam os livros e depois escolhiam qual seria o do
conto que queriam ouvir.
As
sextas, tinha sempre um vídeo. Minha preocupação era não encher a rotina com
muita “coisa” para que o tempo pudesse ser realmente bem aproveitado em cada
atividade proposta.
Entendo que a chegada da
criança a escola, a maneira como é abordada e recepcionada e ainda aspectos
como afetividade e acolhimento implicam sobremaneira na forma como ela evolui
no processo de aprendizagem. Uma rotina efetiva e bem elaborada pode favorecer
a afetividade entre o professor e o aluno, pois quando se acolhe e recebe bem a
criança a mesma reagirá com simpatia e abertura, acreditando no melhor daquele
ambiente e daquelas pessoas, desejando voltar sempre no outro dia. Por outro
lado, quando há frieza e indiferença a criança tende a rejeitar o ambiente ou,
se continuar, poderá preferir se isolar excluindo-se das atividades diárias,
provocando assim entraves para seu desenvolvimento e aprendizagem.
“Toda conduta, seja qual for,contêm
necessariamente estes dois aspectos: o cognitivo e o afetivo” (PIAGET,1954/1994,
p. 288).
Valorizar o fator afetivo na
relação professor-aluno em especial na educação infantil, é trabalhar a
constituição do próprio sujeito, o que é uma prática de caráter necessário para
o desenvolvimento integral do mesmo.